Vinhos varietais feitos com mais de uma uva? Sim, eles existem!

É sabido que o vinho é obtido através da fermentação alcoólica do suco da uva.
E que esta tão adorada bebida pode ser feita com uma única variedade ou com a mistura de duas ou mais uvas, também não é nenhum segredo.
O que pode (ainda) ser um mistério para alguns apreciadores, é que um vinho varietal – aquele que em teoria foi feito com apenas uma uva – pode conter duas ou mais variedades em sua composição.
Você verá neste artigo alguns exemplos de vinhos que são produzidos com duas ou mais uvas e, mesmo assim, são comercializados como vinhos varietais.
Tenha uma boa leitura!
O que é um vinho varietal?
Quando o vinho é feito com uma única variedade de uva ele é chamado de varietal, e quando é feito com duas ou mais variedades é chamado de corte ou blend.
Vale destacar que este conceito de vinho varietal, onde é dado grande importância para a uva, está muito mais presente nos chamados países do novo mundo, e bons exemplos desta força que uma única uva tem são os tintos feitos com a Malbec na Argentina, o Cabernet Sauvignon feito no Chile, o Tannat feito no Uruguai, entre outros exemplos.
Vinhos varietais feitos com duas ou mais uvas
Se o vinho varietal é aquele feito com uma única variedade de uva, como já mencionado, como podem existir vinhos varietais feitos com duas ou mais uvas?
As regras para produção de vinhos varietais em determinados países permitem que o produtor elabore um vinho com uma variedade de uva principal, e utilize uma pequena parcela de outras variedades para complementar o vinho.
Na Argentina, por exemplo, um vinho rotulado como Malbec deve ter em sua composição até 85% desta variedade. Os outros 15%, que podem ser de variedades como a Bonarda, Cabernet Franc, Petit Verdot, Tannat, entre outras, não precisam, obrigatoriamente, ser mencionadas no rótulo.
Um ótimo exemplo é o tinto Amalaya Malbec feito pela Bodega Colomé na região de Salta. Amalaya é um vinho que apresenta no rótulo apenas o nome de sua principal uva, a Malbec, embora tenha em sua composição as variedades Tannat e Petit Verdot.
Outros dois países que seguem regras parecidas, onde a uva dominante deve corresponder a 85% do vinho, são a Austrália e a África do Sul.
Já no Chile, Brasil e Nova Zelândia a regra é um pouquinho diferente. Nesses países, o vinho precisa ter no mínimo 75% de uma única variedade para que seja rotulado como um varietal.
Um dos mais aclamados tintos chilenos produzidos pela Concha y Toro, o Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon, é mais um exemplo de vinho rotulado como varietal, mas que é feito com mais de uma uva, neste caso, com seis variedades diferentes!
O tinto que passa entre 16 e 18 meses em barris de carvalho francês, é composto por 85% Cabernet Sauvignon. Os outros 15% são das uvas Syrah, Cabernet Franc, Malbec, Merlot e Petit Verdot – que podem ser substituídas por outras uvas, dependendo da safra.
Varietais que misturam uvas tintas e brancas
Algumas pessoas podem se espantar, mas é bastante comum que vinhos tintos sejam compostos por pequenas quantidades de uvas brancas. Quando isso acontece, normalmente é para dar maior acidez ao vinho.
Na região do Vale do Colchagua, no Chile, o produtor Casa Silva faz um excelente tinto com este conceito.
Casa Silva Reserva Terroir de Familia Syrah tem uma pitadinha da uva branca Viognier em sua composição. É um vinho encorpado e potente, com aromas típicos da Syrah como groselha, couro e pimenta preta, que estagia entre 6 a 8 meses em barricas.
Conclusão
Como vimos nesta publicação, os vinhos varietais, embora produzidos na maioria das vezes com uma única variedade de uva, podem conter duas ou mais uvas em sua composição.
Essas uvas “adicionais” podem ser tintas ou brancas e a quantidade vai depender das regras de produção de cada país.
Para se certificar de que um vinho seja produzido com uma única variedade de uva, você pode consultar o contra-rótulo da bebida, ou a ficha técnica do produto, geralmente disponibilizado nos sites dos produtores.
Um brinde!
Conteúdo muito interessante e elucidativo.