Vinhos produzidos em regiões de clima quente e clima frio: Entenda as diferenças entre eles e saiba quais rótulos comprar

A legislação brasileira define o vinho como a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto simples de uva sã, fresca e madura.
É importante que a uva esteja madura para a produção de vinhos de qualidade, e o clima tem influência direta em seu processo de amadurecimento.
Para amadurecer corretamente, as uvas precisam de quantidades suficientes de luz solar e calor, e quando isso acontece, elas aumentam seus níveis de açúcar e reduzem seus níveis de acidez.
É sabido que o vinho reflete as qualidades e características das uvas, e quando conhecemos o clima de uma região vinícola, conseguimos ter ideia do estilo de vinho que uma região produz.
Neste artigo, descubra quais regiões vinícolas recebem a classificação de clima quente e clima frio, quais uvas melhor se adaptam a esses climas e quais as principais características dos vinhos criados em regiões quentes e frias.
Tenha uma boa leitura!
Como classificar as regiões entre os climas quente e frio?
Para a viticultura, as áreas consideradas mais adequadas para a produção de vinho estão entre os paralelos 30º e 50º de latitude.
De modo geral, dentro dessa faixa, as regiões mais próximas à linha do Equador são consideradas de clima quente, e as regiões mais afastadas da linha são as de clima frio. Mas é bom lembrar que a altitude também influencia no clima. Os vales e terrenos mais baixos costumam ser mais quentes que os vinhedos mais altos.
Nas regiões de clima frio, a temperatura média na temporada de crescimento das uvas costuma ficar entre 16,5°C e 18,5°C, já nas regiões de clima quente, a média de temperatura fica entre 18,5°C e 21,5°C.
Quais são as principais regiões vinícolas de climas quente e frio?
No velho mundo, entre as regiões de clima quente mais importantes estão: Sicília (Itália), Rioja e Catalunha (Espanha), Alentejo (Portugal) e Languedoc (França). No novo mundo, as regiões vinícolas consideradas mais quentes são: Napa Valley (EUA), Mendoza e Salta (Argentina), Vale do Maipo (Chile) e Barossa (Austrália).
É importante frisar que algumas regiões, mesmo sendo consideradas de clima quente, podem ter grandes diferenças entre elas. Na região de Salta, na Argentina, o calor é muito mais intenso do que no Languedoc, na França, por exemplo.
Em Salta, região desértica no extremo norte da Argentina, chove pouco mais de 200 mm/ano. A vitivinicultura só é possível nesta região por conta da altitude. Durante o dia, as uvas recebem grande quantidade de luz solar e calor e, de noite, descansam e retém acidez nas baixas temperaturas dos vinhedos que chegam a mais de 3.000 metros de altitude.
No clima quente de Salta, a Bodega Amalaya, do Grupo Colomé, cultiva suas vinhas de Malbec em grandes altitudes.
As uvas que desenvolvem cascas mais grossas para se proteger do sol, dão origem a um dos nossos Malbecs argentinos favoritos, o Amalaya Malbec – um tinto escuro, encorpado, com alto teor alcoólico e repleto de aromas e sabores de frutos negros maduros, que passa 10 meses em barricas de carvalho francês para refinar e amaciar seus taninos.
Entre as regiões de clima frio, no velho mundo podemos destacar: Champagne (França), Trentino-Alto Ádige (Itália) e Mosel (Alemanha). No novo mundo, as mais importantes são: Central Otago (Nova Zelândia), Washington e Oregon (Estados Unidos), Niágara (Canadá), Vale de Casablanca e Leyda (Chile).
Mosel, a região vinícola mais conhecida da Alemanha, é o lar da variedade Riesling no país, e assim como em muitas regiões alemãs, prioriza o cultivo de variedades de “uvas de clima frio”.
Entre os nossos favoritos, está o Dr. Loosen “Dr. L” Riesling Dry Qualitatswein Trocken – um vinho de nome difícil, mas extremamente fácil de beber, que expressa perfeitamente as características de elegância dos íngremes vinhedos plantados em solos ricos em ardósia do vale do rio Mosel.
Uma curiosidade sobre este Riesling, é que terminada a fermentação alcoólica, o vinho amadurece sobre as próprias borras em tanques de aço inox durante alguns meses, para concentrar os sabores e ganhar uma leve textura cremosa no paladar.
Quais uvas melhor se adaptam às regiões de climas quente e frio?
Cada variedade de uva se comporta de uma maneira dependendo do clima da região. Existem aquelas que melhor se adaptam ao clima quente, as que preferem o clima frio e as uvas que se desenvolvem bem independente do clima.
As uvas Malbec, Grenache, Syrah, Zinfandel e Moscato, por exemplo, são mais cultivadas em regiões de clima quente.
Já a Riesling, Sauvignon Blanc, Pinot Gris, Gewürtztraminer, Gamay e Pinot Noir são variedades que melhor se adaptam a climas mais frios.
Agora, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Merlot são uvas cultivadas nas mais diversas regiões do planeta, independente do clima.
De modo geral, as variedades brancas mostram melhores resultados em regiões mais frias. Desta forma, se você procura por um vinho branco leve, altamente refrescante e com aromas e sabores mais voltados às frutas cítricas, dê preferência para os vinhos elaborados em regiões de clima frio.
Quais são as principais diferenças entre os vinhos de climas quente e frio?
Nas regiões de clima quente, as uvas têm maior chance de amadurecer por completo, aumentando seus níveis de açúcar e resultando em vinhos de maior teor alcoólico. Por outro lado, a acidez das uvas e, consequentemente, do vinho, tende a diminuir.
Algumas uvas, principalmente tintas, desenvolvem cascas mais grossas para se proteger do sol e assim, seus vinhos adquirem mais corpo e maior quantidade de taninos.
Em relação aos aromas e sabores, de modo geral, climas quentes produzem vinhos com sabores de frutas mais maduras, lembrando geleia, compota e frutas cozidas.
Já nas regiões de clima frio, as uvas preservam a acidez, originando vinhos mais ácidos e frescos. O teor alcoólico tende a ser menor, já que as uvas têm dificuldade de atingir níveis maiores de açúcar e os vinhos podem ser menos encorpados.
Os aromas e sabores dos vinhos de clima frio são mais delicados, com menor intensidade, e estão mais inclinados às frutas verdes, cítricas, quase azedas.
Um vinho que exemplifica bem esta diferença entre climas de regiões vinícolas é o branco feito com a uva Chardonnay. Em regiões quentes, como a Califórnia (EUA) e Vale do Maipo (Chile), o vinho Chardonnay tende a ser mais alcoólico e encorpado, com acidez moderada e sabores intensos de frutas tropicais.
Ménage à Trois Gold Chardonnay é um ótimo exemplo. Vinho com maior corpo e teor alcoólico (13,5%). Tem deliciosa textura amanteigada, devido a sua fermentação em barricas de carvalho francês e americano, além da riqueza de aromas de frutas tropicais maduras, que se misturam com sabores de baunilha e especiarias doces.
Já na região francesa de Chablis, o Chardonnay é um pouco “mais magro”, menos alcoólico, com maior acidez e aromas e sabores de frutas verdes e cítricas.
Laroche Chablis Les Chanoines, elaborado por um dos mais famosos produtores da região, é um Chardonnay leve de menor teor alcoólico (12,5%), com paladar cítrico, fresco e complexo. Seu aroma é marcado por pêssegos frescos, lima, além de toques minerais e florais.
Sem estágio em carvalho, durante 6 meses o vinho estagia em contato com as borras em tanques de aço inoxidável, adquirindo maior complexidade aromática e leve cremosidade.
Conclusão
O clima tem influência direta no processo de amadurecimento das uvas e, dependendo do clima, os vinhos, mesmo que feitos com as mesmas variedades de uvas, terão perfis completamente diferentes.
Nas regiões mais frias, uvas brancas se adaptam com maior facilidade. Nessas regiões, os vinhos costumam ser menos alcoólicos, mais ácidos e frescos. Por outro lado, as regiões quentes favorecem o cultivo de boa parte das uvas tintas, e originam vinhos mais alcoólicos, encorpados e maduros.
Conhecer o clima das regiões vinícolas nos dá pistas do estilo de vinho que uma região produz. Desta forma, conseguimos focar em determinadas regiões no momento da compra, para adquirir somente os estilos de vinhos que mais nos agrada.
Um brinde!