Vinhos que misturam uvas, safras, vinhedos e barris. Conheça os mais diversos tipos de blend

Vinhos podem ser feitos através de diversas misturas, e uma das mais comuns é a mistura de uvas, que originam os vinhos que chamamos de corte, blend ou assemblage.
Mas, as combinações não param por aí. Existem vinhos que, além de uvas, misturam diferentes safras, barris e vinhedos.
A mistura no vinho, seja ela qual for, não é exclusividade de um determinado país ou cultura. Embora os blends mais famosos estejam nos países do velho mundo, as misturas no vinho são feitas em toda a parte.
Neste artigo, descubra os blends mais comuns feitos na elaboração de vinhos e conheça alguns dos mais notáveis blends disponíveis aqui na Vino Mundi.
Tenha uma boa leitura!
Blend de uvas
O tipo mais comum de blend é o que mistura diferentes variedades de uvas, normalmente combinando tintas com tintas e brancas com brancas.
Embora os vinhos feitos com diferentes uvas sejam produzidos em todo o mundo, alguns países se destacam mais que outros. Na maioria dos chamados países do velho mundo – como França, Portugal, Itália e Espanha – é muito comum misturar duas ou mais uvas na produção do vinho. Esses países enfatizam a região em que o vinho é produzido, independente das uvas utilizadas.
Na Vino Mundi, trabalhamos com o Château De La Gardine Châteauneuf-du-Pape, vinho de grande estrutura, que passa até 14 meses em barricas de carvalho e tem potencial para até 15 anos de guarda – sem contar sua linda garrafa com curvas disformes e escrita em relevo, que chama muito a atenção.
Blend de uvas tintas e brancas
Embora seja mais comum fazer vinhos combinando uvas tintas com tintas e brancas com brancas, também existem os vinhos feitos através da mistura de uvas tintas e brancas.
Espumantes brancos, como o Champagne, muitas vezes combinam a branca Chardonnay com a tinta Pinot Noir. Neste caso, a casca da uva tinta é removida antes de iniciar a fermentação, para não acrescentar cor ao vinho.
A mistura entre essas duas uvas apareceu pela primeira vez no norte do Vale do Rhône e agora se espalhou para várias partes, principalmente no novo mundo. Normalmente, a Viognier corresponde a não mais de 15% da mistura. Mesmo nestas pequenas quantidades, faz uma diferença significativa no vinho final, realçando o seu perfume e suas cores.
Blend de diferentes safras
Além de uvas, os vinhos também podem ser produzidos com a mistura de outros vinhos feitos em anos anteriores. A maior parte dos vinhos espumantes são feitos dessa forma, para manter um padrão nos aromas e sabores, já que as características dos vinhos podem mudar de uma safra para a outra. É por isso que a maioria dos espumantes não mostram a safra no rótulo.
No Chile, o produtor Valdivieso produz um excepcional tinto que mistura vinhos de vinte e uma safras, de 1992 até 2011. É o Caballo Loco N°16, que passa 36 meses em barricas de carvalho francesas.
Além das safras, este vinho é, também, um blend de uvas (Cabernet Sauvignon, Malbec, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e Carmenere) e um blend de vinhedos, com uvas plantadas nos Vales do Maipo, Maule, Curicó e Colchagua.
Caballo Loco é considerado um dos grandes blends do novo mundo, e por trazer tantas safras dentro de uma mesma garrafa, atrai a curiosidade de inúmeros apreciadores.
Blend de vinhedos
Também existem os vinhos feitos com uvas cultivadas em diferentes vinhedos, que podem estar próximos uns aos outros, ou a centenas de quilômetros de distância.
O blend de vinhedos é feito para unir o que há de melhor em cada terroir. Vinhedos de diferentes altitudes, exposições solares e tipos de solos, por exemplo, produzem uvas com diferentes características, que por consequência, originam vinhos de caráter distintos.
A Catena Zapata, o mais popular produtor de vinhos argentinos, produz em Mendoza uma linha de vinhos muito conhecida no Brasil, a DV Catena, famosa por combinar uvas de dois vinhedos diferentes.
Um dos mais procurados vinhos da linha, o DV Catena Malbec-Malbec, é feito com uvas cultivadas a 920 metros de altitude no vinhedo “Angélica”, na região de Maipú, e no vinhedo “La Pirámide”, que circunda a vinícola, a 950 metros de altitude, na região de Luján de Cuyo. É um tinto com potencial de guarda para aproximadamente 10 anos, que estagia por 18 meses em barricas francesas.
A uva Malbec cultivada no vinhedo “Angélica”, faz um vinho descrito pela Catena como sendo de sabores e aromas de ameixa e frutas vermelhas, com taninos macios e sedosos. Já a Malbec plantada no vinhedo “La Pirámide” produz um vinho descrito como encorpado e com notas de pimenta preta e especiarias doces.
Blend de barris
Produtores costumam misturar, com frequência, vinhos que passam por diferentes barris de carvalho, podendo ser misturados vinhos de barricas novas e usadas, vinhos de barricas com tamanhos distintos e, também, vinhos que estão há mais tempo nos barris com os que estão há menos tempo.
Já mencionado, o vinho argentino DV Catena Malbec-Malbec, por exemplo, amadurece por 18 meses em carvalho francês, sendo que metade das barricas são novas, adicionando aromas e sabores ao vinho. A outra metade são de barricas usadas, que fazem o papel de micro-oxigenar o vinho, sem interferir em seus aromas e sabores.
Já o espanhol Canopy Malpaso Syrah, excelente vinho orgânico da região de Serra de Gredos, na DO Méntrida, amadurece durante 12 meses em barris de carvalho francês de diferentes tamanhos (400 e 500 litros) e de vários usos.
O produtor, a Bodega Canopy, tem como filosofia priorizar o perfil frutado do vinho, por isso usa barris de carvalho de diversos tamanhos e diversos usos, para a fruta permanecer em evidência.
Por que fazer blends?
Muitos se perguntam por que o produtor resolve fazer tantas misturas. Não seria mais fácil fazer um vinho com uma única uva, ou com uvas plantadas em um único vinhedo?
Sim! É muito mais fácil produzir o vinho quando não há misturas. No entanto, quando o produtor faz os blends corretos, que é uma verdadeira arte, ele consegue obter um vinho mais equilibrado, completo e, também, complexo, que soma as características e qualidades individuais, seja das diferentes uvas utilizadas, ou dos diferentes vinhedos, barris, e assim por diante.
No caso dos vinhos espumantes, como foi explicado, a mistura de vinhos de diferentes safras ajuda o produtor a manter um padrão na produção do produto, sem grandes alterações na aparência, aromas e sabores de um ano para o outro. O produtor consegue, através do blend, equilibrar a acidez do espumante, o volume (corpo), entre outras características
Conclusão
Muitos pensam em blend como sendo vinhos feitos com diferentes variedades de uvas, no entanto, o conceito de blend vai além, já que também engloba a produção de vinhos de diferentes safras, barris, vinhedos, entre outras misturas.
Os blends nos permitem experienciar, de maneira combinada, as melhores características dos elementos que formam a mistura.
Aventure-se pelos blends para descobrir como a combinação de uvas, vinhedos, safras, barris, entre outras misturas, podem resultar em vinhos com excelente equilíbrio e complexidade.
Um brinde!
Belas informações para os.amantes dos VINHEDOS com qualidade e riqueza de conhecimento – dando um parâmetro geral – gratidão POLETTO