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Charmat e Champenoise: Entenda as diferenças entre os principais métodos de produção de espumantes

Charmat e Champenoise: Entenda as diferenças. no-lazy

A forma como o vinho espumante é produzido define os seus aromas, sabores, longevidade e a sua valorização no mercado. Por isso, é extremamente válido conhecer os principais métodos de produção antes de decidir qual produto comprar.

Em linhas gerais, dois métodos são os mais utilizados na elaboração de vinhos espumantes: método charmat e champenoise (ou tradicional).

Neste artigo, entenda as diferenças entre esses métodos, descubra quais espumantes famosos são feitos utilizando as duas técnicas e veja algumas sugestões de espumantes com ótimo custo-benefício.

Tenha uma boa leitura!


Duas fermentações

Fermentação dos espumantes charmat e champenoise

A maioria dos vinhos que conhecemos passam por apenas uma etapa de fermentação, onde o açúcar natural presente no suco das uvas é transformado em álcool e dióxido de carbono, através da ação das leveduras.

O vinho espumante é diferente, pois passa por duas etapas de fermentação. A primeira, é exatamente igual a fermentação dos demais vinhos. Já a segunda, é onde o dióxido de carbono é aprisionado, mantendo no vinho final a presença de bolhas e espuma.

No que se refere à elaboração, um dos principais fatores que diferenciam o método charmat do champenoise é o recipiente onde a segunda fermentação ocorre.

No método charmat, a segunda fermentação é feita em grandes tanques de aço inox, conhecidos como autoclaves. Já no método champenoise, a segunda fermentação é feita na própria garrafa.


Um método mais industrial e outro mais artesanal

Charmat é um método mais industrial e champenoise mais artesanal

Em relação à complexidade de produção, é muito mais simples, rápido e barato elaborar um vinho espumante através do método charmat.

O charmat, método criado em 1895 pelo italiano Federico Martinotti e patenteado pelo francês Eugène Charmat em 1907, é considerado um método mais ‘industrial’, onde uma grande quantidade de espumante é obtida em menor tempo.

Neste método, após o término da primeira fermentação, o vinho é transferido para as autoclaves e, então, adiciona-se açúcares e leveduras para que uma nova fermentação ocorra.

Após finalizada a segunda fermentação, as leveduras mortas junto com demais resíduos sólidos são filtrados para que o espumante seja engarrafado límpido e sem impurezas. Dentro de alguns dias, o espumante elaborado pelo método charmat será rotulado e estará disponível para a venda.

No método champenoise a elaboração do espumante é mais complexa, demorada e custosa, por se tratar de um processo mais ‘artesanal’.

Neste método, após concluída a primeira fermentação, o vinho é engarrafado e, então, adiciona-se açúcares e leveduras para que aconteça a segunda fermentação. Em seguida, a garrafa é fechada com uma tampa metálica (semelhante a uma tampa de cerveja).

Após o término da segunda fermentação, as garrafas são empilhadas nas caves frias da vinícola, onde permanecem em contato com as leveduras para adquirir mais corpo, complexidade, aromas e sabores.

Esse tempo de repouso com as leveduras varia de acordo com o objetivo de cada produtor. Alguns espumantes permanecem com suas borras durante 12, 24, 48, 60 meses ou mais.

Um espumante que exemplifica muito bem este longo repouso em contato com as leveduras é o Cave Geisse Terroir Rosé Nature. Este ícone 100% Pinot Noir se apresenta como um vinho muito sofisticado, com características únicas pelo fato de ter passado 48 meses em contato com as leveduras. Está no topo de linha dos espumantes produzidos em território nacional.

Garrafa do espumante Cave Geisse Terroir Rosé Nature

Com as leveduras ainda presas dentro da garrafa, é importante evitar que elas grudem no vidro, dificultando sua remoção. Nesta etapa, conhecida como remuage, a garrafa é colocada de cabeça para baixo nos pupitres, cavaletes especiais feitos em madeira, para que os sedimentos se concentrem no gargalo. Todos os dias, as garrafas são giradas (manualmente ou com a ajuda de máquinas) para manter as leveduras em movimento.

Pupitres - cavaletes especiais feitos em madeira

A próxima etapa, dégorgement ou degola, é o congelamento do gargalo da garrafa e a remoção da tampa metálica. A pressão natural do espumante expulsa os resíduos congelados e é muito comum nesta etapa, que se perca um pouco do líquido.

O líquido perdido é então reposto com o chamado licor de dosagem (ou licor de expedição) – uma mistura de vinho e açúcar. A quantidade de açúcar presente no licor de dosagem é o que vai classificar o espumante como brut, demi-sec, doce e assim por diante.

Aqui vale destacar que nem todos os espumantes feitos através do método champenoise passam pela etapa de dégorgement ou degola. Alguns são comercializados com as leveduras ainda dentro da garrafa, e continuam a evoluir até o momento da abertura.

Esses espumantes conhecidos como Sur Lie são encorpados e com a aparência turva, e mostram aromas bem interessantes de biscoitos recém assados e panificação. Um exemplo muito bom é o Hermann Lírica Crua Rosé Nature, que tem amadurecimento de 12 meses antes de sair para o mercado. É produzido na região de Pinheiro Machado, no Rio Grande do Sul, pela vinícola Hermann.

Garrafa do espumante Hermann Lírica Crua Rosé Nature

Por fim, a garrafa é fechada com as tradicionais rolhas de espumante e levadas de volta para as caves, onde descansarão, a fim de incorporar o licor de dosagem. A rotulagem é feita somente mais tarde, quando o espumante for comercializado.


Diferentes características

Taças de vinho com espumantes charmat e champenoise

Como foi dito na introdução deste artigo, a forma como o espumante é produzido define os seus aromas, sabores, longevidade e a sua valorização no mercado.

Métodos diferentes de elaboração originam espumantes com características distintas, a começar pela sua aparência. Não é uma regra, mas alguns dos espumantes mais simples feitos pelo método charmat apresentam bolhas maiores e menos espuma que os espumantes feitos pelo método champenoise.

Em relação aos aromas e sabores, o espumante feito pelo método charmat apresenta um caráter frutado, floral e fresco. Já o espumante feito pelo método tradicional, além do frescor e da fruta, costuma mostrar aromas e sabores de pães, pães tostados e brioche, decorrentes do contato prolongado com as leveduras. Eles também apresentam textura mais cremosa no paladar e são levemente mais encorpados.

No que diz respeito a longevidade, o método charmat origina vinhos que, em sua maioria, não costumam melhorar com o passar dos anos, principalmente aqueles de baixo custo, sendo elaborados pensando no consumo imediato. Já o método champenoise garante ao espumante estrutura necessária para envelhecer bem. Alguns, inclusive, podem ser guardados por décadas, como os grandes champagnes.

Por fim, não podemos deixar de mencionar as diferenças de preço entre os espumantes feitos através destes processos. O charmat, como vimos, tem sua elaboração de forma mais simples, rápida e menos custosa, possibilitando o produto ser vendido por um preço menor. Já o champenoise requer mais atenção por parte do produtor, e o produto só é colocado no mercado muitos meses após finalizada a produção, elevando assim o seu preço final.


Os espumantes charmat e champenoise mais conhecidos

Prosecco, Champagne, Cava, Crémant e Franciacorta. Os espumantes mais famosos.

Ambos os métodos são conhecidos e reproduzidos na maior parte das regiões vinícolas espalhadas pelo globo.

O sul do Brasil é altamente reconhecido pela produção de espumantes de qualidade, tanto aqueles elaborados pelo método charmat quanto pelo champenoise. Alguns, inclusive, colecionam prêmios e altas pontuações concedidas por críticos nacionais e internacionais.

O espumante italiano Prosecco, feito com a uva Glera na região do Vêneto é, provavelmente, o mais conhecido e apreciado espumante produzido através do método Charmat. Proseccos de alta qualidade são frutados, extremamente refrescantes e conseguem atingir uma quantidade de espuma e bolhas tão finas e delicadas quanto alguns dos espumantes feitos pelo método champenoise.

Aqui na Vino Mundi recomendamos de olhos fechados o Bedin Prosecco Extra Dry. Delicadamente aromático, com flores brancas, cítricos e fruta de polpa branca, é um espumante cremoso, com ótimo equilíbrio e frescor, sendo um dos proseccos italianos com melhor custo-benefício do mercado.

Garrafa do espumante Bedin Prosecco Extra Dry

Outro espumante extremamente conhecido, sem sombra de dúvidas, o mais famoso do mundo, é o Champagne. Feito através do método champenoise, é um espumante que, de acordo com a história, foi criado em 1693 pelo monge beneditino Dom Pérignon – cujo nome foi emprestado a uma das marcas de Champagne mais consagradas do mundo. O Champagne é feito na região francesa de mesmo nome, com as uvas Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay, seguindo uma série de regras estabelecidas pela legislação local.

O champagne que carrega o nome do monge criador, Dom Perignon Blanc Vintage, está na vanguarda dos grandes vinhos do mundo. É um espumante safrado, o que o torna único. Tem grande estrutura, textura cremosa, aromas e sabores de evolução e ainda carrega um ótimo frescor.

Garrafa do espumante Dom Perignon Blanc Vintage

Outros espumantes elaborados através do método champenoise, que merecem ser mencionados pela sua indiscutível qualidade, são o Cava espanhol, Franciacorta italiano e o Crémant francês, que podem se adquiridos, na maioria das vezes, por preços muito atrativos, se comparados ao preço do champagne.


Conclusão

Tanto o charmat quanto o champenoise são métodos conhecidos e reproduzidos na maior parte das regiões vinícolas espalhadas pelo globo.

São métodos diferentes, escolhidos para criar produtos com características diferentes.

Se você procura por um espumante mais leve, fresco e versátil, sua melhor opção pode ser o charmat. Agora, se sua intenção é degustar um espumante com maior estrutura, com aromas e sabores mais complexos, o champenoise é a escolha certa.

Mas, mais importante que o método de produção é quem produz. Então, fique sempre atento ao produtor para não se decepcionar com a compra. Aqui na Vino Mundi estamos constantemente avaliando vinhos de diversas partes do mundo, feitos por inúmeros produtores, seja grande ou pequeno, e incorporando em nossa carta somente aqueles que são considerados de alta qualidade pelo preço que custam.

Se precisar de ajuda na escolha do seu vinho espumante, estamos à disposição.

Um brinde!

3 comentários sobre “Charmat e Champenoise: Entenda as diferenças entre os principais métodos de produção de espumantes

  1. Maró disse:

    Tem um VALDUGA sur lie …. Excelente ! E o ALMA ÚNICA ? Gosto muito do GEISSE !

  2. Francisco mauricio de morais disse:

    Método charmate e método champanhes
    O que se guinifica,

  3. Deusvenir de Souza Carvalho disse:

    Até minha adolescencia vivi na vitivinícola de meu pai (Quinta do Jubair) em São Roque-SP. Percebi que fabricar bom vinho no Brasil é mais fácil doque achar um brasileiro que reconheça a qualidade desse vinho. Esse texto ajuda na cultura desses leigos. Parabenizo esse muito util jornalismo.

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