Vinhos com tampas de rosca: Tudo o que você precisa saber

Entre as tecnologias modernas aplicadas ao mundo do vinho, as tampas de rosca podem ser consideradas uma das mais bem-sucedidas. No entanto, algumas pessoas ainda acreditam que as screw caps são sinônimo de vinhos baratos e sem qualidade.

Hoje, elas são escolhidas para selar aproximadamente 30% das garrafas de vinho produzidas, inclusive em regiões tradicionais como Bordeaux, Borgonha e Chianti.

Neste artigo você saberá como e onde surgiram as tampas de rosca para vinho, quais os estilos de vinho que se beneficiam com o seu uso, os países que mais a utilizam e alguns dos vinhos com screw cap mais interessantes que temos aqui na Vino Mundi.

Tenha uma boa leitura!

Como e onde surgiram as tampas de rosca para vinho?

O modelo mais conhecido de tampas de rosca, Stelvin, projetado especialmente para vinho, surgiu na França na década de 1960, na cidade de Chalon-sur-Saône, no coração da Borgonha. A primeira tampa de alumínio Stelvin foi desenvolvida em sua forma final em 1964 e a marca foi oficialmente registrada em 1976.

Na década de 1970, produtores australianos não contentes com os problemas que enfrentavam com as rolhas de cortiça (principalmente por causa de fungos) decidem adotar as tampas de rosca. Três décadas depois, no início dos anos 2000, a Nova Zelândia realizou um trabalho consistente na popularização da screw cap, impulsionando ainda mais o seu uso.

Atualmente, estima-se que 70% do vinho australiano e 90% do vinho neozelandês são fechados com tampas de rosca.

Schubert Selection Sauvignon Blanc está entre os vinhos da Nova Zelândia que se beneficiam do fechamento com a screw cap. É um vinho branco jovem cuja principal característica é o frescor e o sabor da fruta.

Para alguns estilos de vinho, reduzir o contato com o ar é muito positivo, pois mantém o frescor por mais tempo, e algumas tampas de rosca são extremamente eficientes no bloqueio do oxigênio, como você verá adiante.

Por que usar tampa de rosca em vez da rolha?

As rolhas de cortiça fazem parte da tradição e romantismo do vinho, sendo utilizadas há séculos como a melhor forma de fechamento da garrafa. Porém, ao longo dos anos, os produtores esbarraram em dois problemas: O primeiro é que uma parcela das rolhas de cortiça era infectada por um fungo chamado TCA, responsável por tornar o vinho bouchonée. O segundo problema é o custo, já que a cortiça é um material natural e finito.

É importante destacar que existem diversos tipos de rolhas, e nem todas têm a mesma qualidade. As de alta qualidade são geralmente usadas em vinhos nobres, de pouca produção e valor elevado, onde o custo da rolha acaba sendo irrelevante. Para vinhos mais simples feitos em larga escala, utilizar rolhas de alta qualidade acaba sendo dispendioso, restando ao produtor a alternativa de usar rolhas mais baratas.

Entre escolher uma rolha de menor qualidade e uma tampa de rosca, muitos produtores optam pela segunda opção, oferecendo ao consumidor uma garrafa de vinho fechada com um material eficiente e de qualidade, além de manter o preço do produto mais baixo.

Mas, a escolha pelas tampas de rosca não se limita apenas aos vinhos mais simples. Hoje, elas são utilizadas em vinhos de maior complexidade, inclusive em vinhos de guarda, pois a tecnologia atual permitiu a criação de screw caps que liberam a entrada controlada de ar na garrafa, garantindo ao vinho respirar e evoluir com o passar dos anos.

Bons exemplos de utilização de tampas de rosca em vinhos dos mais variados estilos e preços, são os rótulos Arbo Moscato da Casa Perini, um vinho de baixo teor alcoólico para consumo imediato, cujo preço varia entre R$35 – R$40 e o Outer Limits CGM da Viña Montes, um vinho de grande estrutura e complexidade com potencial de guarda para mais de 10 anos, que custa hoje entre R$350 e R$400.

Além da diferença de perfis destes vinhos, note também os modelos distintos de screw cap que foram utilizadas.

Quais vinhos mais se beneficiam do uso das tampas de rosca?

Bem, isso vai depender do modelo de tampa escolhido pelo produtor.

Alguns são projetados para criar uma forte barreira ao oxigênio, funcionando bem para vinhos destinados ao consumo precoce, como vinhos tintos leves, brancos e rosés.

Em diversas regiões francesas, entre elas o Languedoc e a Provence, os rosés que antes eram fechados com rolhas hoje utilizam as screw caps.

Paul Mas Claude Val Rosé, o rosé francês mais vendido na Vino Mundi, e Studio by Miraval Rosé, produzido pela vinícola que pertence ao ator Brad Pitt, são excelentes exemplares de vinhos jovens, frescos e aromáticos que utilizam tampas de rosca como fechamento.

Por outro lado, como mencionado anteriormente, existem modelos que permitem a entrada controlada de ar na garrafa, garantindo aos vinhos longevos respirar e evoluir com o passar dos anos.

No entanto, como esta é uma tecnologia de certa forma recente, ainda faltam estudos profundos sobre o envelhecimento por longas décadas de vinhos com tampa de rosca.

Conclusão

Como vimos nesta publicação, as tampas de rosca para vinho não são uma invenção tão recente, já que eram utilizadas desde a década de 1960. Elas são utilizadas em todo o mundo, mas ganharam maior espaço entre os vinhos produzidos na Austrália e Nova Zelândia.

Os primeiros modelos criavam uma forte barreira ao oxigênio, funcionando bem para vinhos destinados ao consumo precoce. Porém, com o avanço da tecnologia, hoje é possível controlar a entrada de ar na garrafa, permitindo o uso das screw caps em vinhos longevos, que podem evoluir bem em garrafa.

Aqui na Vino Mundi, trabalhamos com uma série de vinhos excepcionais fechados com tampa de rosca. São vinhos que degustamos com frequência e, muitos deles, estão entre os nossos favoritos.

E você, o que acha dos vinhos com tampa de rosca?

Um brinde!